segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

2018 E SUAS MUITAS VICISSITUDES...

Quando comecei a conjecturar sobre 2018 lembrei das lindas promessas que fiz nas festas dezembrinas do ano anterior. As pequenas missivas que colei como um post-it na superfície rasa da mente não foram poucas. Eram muitos sonhos e desejos a se desenrolarem no campo fértil da vida cotidiana. Exatamente 365 possibilidades.
Dentre tantos outros lembretes, que vão surgindo no decorrer do ano, os empreendimentos mais cobiçados foram se perdendo em meio ao nível alto de outras prioridades que fui atribuindo aos compromissos subsequentes. E os pequenos eventos que tiveram lá sua importância imergiram no mar agitado dos dias.
Cumprir tarefas é muito comum e nos habituamos a definir o que é mais relevante e necessário no devir do nosso calendário particular. É onde a magia se desfaz e a sucessão de afazeres piora. E muito. Esse é um exercício terrível. Ansiar demais em meio a busca pelo que é verdadeiramente eudaimônico. E procrastinamos a derradeira felicidade como meros humanos, “demasiado humanos”, diria Nietzsche.
Foi o que aconteceu nos últimos 12 meses com o "ser feliz". Nos desvelamos exímios sabotadores dessa empreitada. Considero até uma ofensa dada a quantidade de desculpas que disparamos à revelia em 2017. E notei que a maioria das pessoas que conheço foram condescendentes com a dor e o sofrimento. E não há como terceirizar a culpa das nossas intempéries se eximindo dos pequenos prazeres deixados à deriva.
Hoje é o primeiro dia de um novo tempo. Uma página em branco. O que escreveremos nela pode ser um desastroso épico ou a história sobre grandes feitos através das pequenas coisas. Não precisamos exaustivamente dar sentido a tudo que nos acomete e ficar recalculando rotas e metas tão agressivas no mapa da vida. Definitivamente não é saudável tanta tortura.
A alegria não se resume apenas ao sucesso e o reconhecimento. No fim da estrada os únicos troféus são as abstrações que extraímos do bom, do belo e do verdadeiro. Porque afinal, viver é também não correr riscos desnecessários. A única coisa que me propus neste início de ano foi o que já asseverava Sponville: “amar um pouco mais e reclamar um pouco menos.” E a partir daqui, num momento tão oportuno e apetecível como tal, o destino vai ser um estigma e um enigma exclusivamente do futuro. Seu lugar não poderia ser em outrora.
Que 2018 então nos surpreenda!

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