quarta-feira, 29 de outubro de 2008

HOJE - OS HOMENS NUS...



Hoje eu acordei cedo e o dia estava belo, ensolarado, vívido. Parei diante do espelho. Experimentei muitas roupas; a primeira foi um paletó bege. Bege? Não era um dia especial, eu ia apenas a um almoço quase executivo. A sociedade manda na moda, na etiqueta, mas não em mim. Coloquei-me num modelo esporte-social. Roupas bem leves e simples. Só que eu ia a um encontro profissional e não ao shopping. Decidi desengavetar meu jeans batido, completei com camisa pólo e “sapatênis”. Ficou muito legal. Talvez se o encontro não fosse com meus superiores e pessoas ilustres teria sido uma ótima combinação. Vesti outra camisa, dessa vez com botões e meia-manga, sem gravata, calça tradicional não-jeans e sapato. Nem pesado, nem destoando do propósito. Mas era desconfortável pra cacete e isso me deixa com o humor péssimo. A menos que eu fosse na intenção de ser demitido, não, em definitivo não era o meu desejo.
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Sinceridade? Odeio essa coisa de tecidos, cores e peças que "se casam". Eu sou um grosso, tenho certeza. Por mim eu ia de bermuda, com meu "nike", boné e óculos escuros, chamando todo mundo de "bródis" e "parceiro" (com sotaque todo acariocado). Ou como diriam meus alunos paulistanos, só de "bombeta e lupa" (tradução: boné e óculos escuros). Porém, dentre muitos poréns, decididamente não era um passeio turístico pelas savanas africanas e tais pensamentos irônicos eram, na verdade, infortúnios. Não sou bom em escolher roupa. Geralmente faço melhor na hora de escolher mulher e perfume. Escolho o que gosto, o que me faz bem, certo de que essas escolhas são tiros no escuro. Quase sempre acerto o alvo. Mas existem ocasiões específicas que pedem estilo, fineza, discrição. Quanto a isso continuo na ala dos pessimistas. Finalmente deitei na cama e olhei de novo no espelho. Deixei cair a toalha ao meu lado sob os lençóis desarrumados da alcova. Vi meu corpo exposto, úmido, espalhado no colchão, próximo do que se entende como visceral. Descobri minha melhor vestimenta e resolvi como iria impressionar à todos na reunião. Saí de casa da mesma forma que vim ao mundo...

2 comentários:

**A Princesa e os Pequenos Pensadores** disse...

PERFECT!!!

Analista de sua própria vida disse...

Ótima crônica meu caro. Li as primeiras linhas tão interessado que a princípio imaginei se tratar de um conto, quando fui ao seu blog, fiquei chateado pelo tamanho, é que fiquei cheio de espectativa. Gostaria de aproveitar o ensejo e convidá-lo para dar uma passada em meu blog: www.thomazribeiro.blogspot.com, nele você encontrará alguns contos de minha autoria. Parabéns.