quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

ANO NOVO! VIDA NOVA... Vida nova?

Hoje eu vou fazer duas postagens. A primeira é pra dizer feliz ano novo atrasadérrimo, afinal estive de viagem para reciclar algumas boas, más e antigas idéias. Lembrando que isso demanda tempo e paciência. O primeiro pedido, que na verdade é uma promessa para 2009 e 2010 é que eu jamais me atrase nas postagens. Ansiedade cansa. E falando nisso, quero fazer uma retrô do que foi o ano de 2008, aliás, diga-se de passagem, muito curioso. Não que os outros anteriores não tivessem sido, assim como cada década, século ou milênio teve sua contribuição para o que somos hoje e o que seremos amanhã. Convém dizer que nem sempre lembramos tudo que se passa em nossa vida, visto que, nosso cérebro processa quatrocentos milhões de bits de informação por segundo, mas, segundo cientistas como Jeffrey Statinover, guardamos aproximadamente irrisórias duas mil. Mas hoje, caros amigos, não tenho predileção em argumentar sobre cientificismo ou teorias sobre o cosmos e o sentido da existência humana. Esse é um momento em que resolvi dialogar com vocês sobre o que passamos nos últimos 366 dias (é, 2008 foi um ano bissexto) e o que ainda está por vir nos próximos 365 subseqüentes. Daí, eu roubo uma pergunta tirada de um filme da minha juventude: quanto tempo nós temos? Não muito, esse é o tempo que temos.

Sobre o amor, quantos amores vivemos no ano que se passou? Não é preciso buscar no fundo do baú, nomes e datas, nem quantidade de chegadas e despedidas. Por outro lado, seria prudente mensurar qual a intensidade e a importância de cada um deles. Quantos beijos nós demos e em quantas bocas nos perdemos? Inúmeros ósculos santos e pecaminosos entre as feras e os mansos. Foram sabores e dissabores, lábios e lágrimas que derramamos. Talvez nosso pobre coração tenha tido semanas fatídicas, gloriosas, e por que não dizer insuficientes para o que desejamos? As pessoas mudam, os sentimentos mudam, as emoções embora fecundas em almas dotadas de buscas, as vezes se perdem em vontades inférteis. 2008 trouxe paixões e apagou laços desfeitos, iluminou romances e diluiu dramas na água turva de um rio chamado vida.

O ano que passou deixou seu rastro, quem sabe de destruição, quem sabe de conquistas nunca antes imaginadas. Foram caminhos desbravados e outros interditados pelas chuvas que vieram torrenciais. Tivemos derrotas, vitórias, frustrações, alegrias, tristezas. Fizemos pessoas sorrirem, chorarem, calarem diante de um vazio que deixamos ao dobrar para sempre uma esquina. Descobrimos que o mundo não é infinito, porque finito são os sonhos sem asas e as pessoas sem raízes. Alimentamos sentimentos bons que destituíram os de dores e o inverso que também destruiu lares. Nós nos despedimos de amigos e entes queridos que se foram, substituímos o velho pelo novo, o aconchego pelo desconhecido. Furamos montanhas para beber água, derrubamos muros para aceitar idéias diferentes das nossas, superamos dificuldades para aceitar o erro do próximo e os nossos em primazia. 2008 teve suas curiosidades como a queda de barreiras imaginárias, as primeiras rupturas em trajes intocáveis como os de Wall Street, a ascensão de uns e a queda de outros. Vimos a espada do tempo rasgar o preconceito do eleitorado para que o futuro não seja apenas mais um ponto de interrogação em nossas cabeças. 2008 foi um ano meticuloso e arriscamos nossa vida por alguém, por uma utopia quase infundada, por uma causa certamente perdida. Transformamos 2008 em uma novela de perdas e danos, especulamos catástrofes em audiências e discutimos o papel do jornalismo sujo e inverídico. Contudo, também descemos rua abaixo até à padaria no terceiro quarteirão para comprar pão numa manhã chuvosa, demos doce para ver uma criança tímida sorrir e flor para dizer a alguém o quanto a amamos. Seduzimos e fizemos amor naquele motelzinho perto de casa por escassez de dinheiro no fim do mês. Assistimos à televisão pra ver sobre a guerra e mudamos de canal pra ver dramas apenas dramatúrgicos e esquecer que dentro de cada ilusão existe também a cor fúnebre da tragédia. Por outro lado, fizemos traquinagens, contamos piada, vivenciamos situações engraçadas, xingamos o chefe baixinho e tiramos sarro dos companheiros de trabalho durante uma festa de fim de ano na empresa. É, fizemos coisas notáveis e muita tolice.

2008 foi interessantíssimo, poderia até afirmar que ele foi a nossa caixa de pandora, donde sobraram algumas migalhas de esperança. Foi mais um ano em que pessoas perderam a compostura, a virgindade, o pudor. Ganharam amigos, amores, inimigos, uma vizinha nova, um homem bonito na academia, um professor mais jovem (e casado), uma professora linda de matemática. São máculas e virtudes de horas e dias que pareciam intermináveis. E quando acabou, quando brindamos e bebemos a champanhe na hora dos fogos, ninguém (ou quase ninguém) parou para se perguntar: e daí que o ano acabou? Assim nos despedimos hipotéticos sem ao menos nos perguntarmos o porquê e para quê de nos submetermos a todo esse ritual esquisito dos humanos? Apenas fizemos promessas e cá estamos há sete dias caminhando em novas terras, de um tempo que agora se inicia, tomando engov e sal de frutas, tentando curar a ressaca que na cabeça parece oceânica. Se saberemos trilhar como sempre o fizemos em nova vida, isso é sim uma certeza para muitos. Mas será que neste ano vamos cumprir a maioria das nossas promessas para o outro ano? Essa é uma pergunta que poucos responderão de imediato.

Assim eu me despeço do ano que passou, agradecendo aos amigos, companheiros e pessoas que fizeram coisas acontecerem. Agora caminhamos sob uma nova cortina de fumaça a ser desbravada por ventos oníricos advindos de nossos sonhos. Um brinde a todos...

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