quinta-feira, 24 de maio de 2012

POESIA




ERÓTICA


Incêndio no fogo brando
Bocas pérfidas e línguas nuas
Beleza crua. Na pele tua
Meu perfume (habitat)
No fundo das nossas carnes
É como me sinto quando te possuo
É ardor quando teu desejo vive em mim
Amor fugaz. Silêncio insano dos atrozes
O que somos um para outro?
Das paixões os albatrozes
Vamos nos comer e nos consumir até que morte
Até que a morte nos separe,
E rasgue-nos ao meio com teus trovões
Antes da alegria a tristeza personifica
O apego é isto: saúde e doença e tempestade.

II

Vejo-te a olhar-me quase desfalecida
Angelical e demoníaca enquanto suga
Molha, sente, goza e gosta. É paradoxo
Pede mais até que eu perpetre o crime
Teu prazer; barbárie que me agasalha
O sorriso - servidão e solidão que engana
Assim eu sigo o ritmo do vaivém inteiriçado
Dentro de você é estar mais dentro de mim
Quanto mais intenso, mais gritos, mais ofensas
São nossos dias dionisíacos. Ciclos vitais. Afrodite.
Então eu derramo em ti a seiva que precede o fim
O mesmo fim de todos os dias na mesma cama.

III

Na tua face ardente fica o beijo
A despedida, o sussurro, o arquejo
Tuas mãos perdem-se em meus dedos
O abraço e o calor se desmancham no ar
Fenecer do rito, tragédia dos impudicos
Eu – o sagrado e o puro que profana.
Tu – tímida e despudorada que inflama.
Sempre erótica 
Sempre louca 
Sempre desnuda
Sempre.







2 comentários:

Anônimo disse...

Difícil falar algo de seus POSTS, primeiro porque meu forte não é o comentário, e depois, porque é simplesmente assustador a forma que você escreve, o país precisa de gênios da literatura, é uma pena que não são mais valorizados. Está de parabéns...

Grace disse...

É sempre muito bom ler tudo o que vc escreve "Sir Eliel" rs....
Sou uma eterna apreciadora do que vc escreve, do que vc cria! Beijo grande